Peça de teatro Segundo São Mateus

Peça de teatro Segundo São Mateus
Foi maravilhosa!!!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Mundo-Caos


 
Emaranhado de gente
Torpe.

Em meio a coisas
Lânguidas.

Envolto em lágrimas
Cálidas e escárnios torturantes. 

Labores árduos e causticantes,
Salários míseros e insuficientes. 

Amigos pasmos,
Choros cortantes e soluços ensurdecedores. 

Buscam brechas lúgubres. 
Encontram nada.

Ou ventres podres
Em cadáveres fétidos. 

Acompanham cortejos fúnebres.
bete cruz

Nós

 Corpos lívidos
Deitam
Olhares perdidos
Brilho opaco.
Olhos pingam
Lágrimas engessadas,
Rompem o concreto
Árido do tempo.
O imaginário submerso,
Profundezas do mergulho cortante
Vidros fremem,
Corta matizes, adorno inválido.
Sossego borda o sentido,
Guia
E descortina o fulgor do espaço.
Com um rugido
Fura o silêncio da noite.
A seu dispor
Canto palavras
Falo cantos,
Um deslizar constante
Abismo interior.
O mistério,
A procura,
O encontro,
Nos devaneios do prazer.
bete cruz

Espelho

Olhar,
Pedra bruta pontiaguda
Fere a luz ofuscante
Destemida.
Olhar,
Busca a âncora metálica
No canto tosco
Do alpendre.
 Olhar,
Reside e sucumbe
Num ritmo, corre inesperado
Pousa na bruma
Encerra o alvo.
bete cruz

Sinfonia


Na orquestra os músicos tecem um cenário
Em tons violeta.
No meio do silêncio e na ausência,
No espaço quase infinito, uma busca.
No meio do nada um encontro.
Nos giros longos e sem dimensão,
Corpos voam soltos ao som
Dos acordes delirantes
da bela sinfonia.
Nos saltos cadenciados
Se olham, se buscam,
Mãos se entrelaçam
No jogo do querer,
Na ânsia única de realização,
No devaneio pelas possibilidades do prazer.
Tem um deslizar que inspira,
Juntamente com voltas articuladas,
Formando um bailado inconfundível.
Unindo-se no centro
Fluindo aos poucos
Para os lados,
num gingado abrasileirado.
Que requebra,
Num misto de samba e valsa vienence
Para deslumbrar quem vê
e ouve tão suaves movimentos.
Terminada a sinfonia
Para a música
Mas continua o eco dos acordes delirantes
Invadindo o recinto.
Por fim, o aplauso, o agradecimento.
Muitas flores atiradas sobre os dançarinos
e eles deslizam em volta delas.
E o parceiro num gesto findo
Junta uma das rosas, a vermelha!
E oferece com grande delicadeza a sua amada
Que leva, mais que depressa aos lábios
e a beija suavemente!!
bete cruz_26/12/2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Escrever

 Mergulhar,
No profundo pélago,
Penetrar,
O âmago do ferro,
Sentir
O pincelar cortante da adaga.
Lamber,
As crespas ondas dos ventos.
Pisar,
Chamas de arame farpado.
Ouvir,
O crocitar das nuvens,
Cortar,
Os fiapos da noite,
Cochichar,
Com as pedras.
Saber que escrever
Nada e tudo.
Brota do fio irracional
Ou ainda
Cai dos astros,
Da poeira sábia,
Um murmúrio dos
Arbustos invisíveis,
E se transforma
Em cordões de palavras
Encarrilhados
Feito serpentes
A picar pensamentos,
A envenenar sentimentos,
A povoar mentes
E deixar reticentes...
Simples!!!
 bete cruz/25/07/2011
 

Pescando Palavras


Poetas lidam com palavras
Noite e dia!
São tantas palavras,
Pequenas e grandes,
Compridas e curtas,
Doces e salgadas,
Saborosas e cheirosas,
Amáveis e grosseiras,
Umas são alegres e simpáticas
Outras tristes e carrancudas

Quais escolher?
De que forma juntar todas?

Então procuro entre tantas
E escolho,
Talvez, não as certas
Mas àquelas que agradam
E escrevo.

Àquelas que por ora
Suprem a fome
E a sede de escrita.

Algumas ficam
Outras escapam
Não se encaixam
E logo se trocam
Por outras.

Que vão escorregando,
Se ajeitando
Deslizando,
A assim arrumando o verso
Do poema.
Bete Cruz/25/07/2011

domingo, 27 de março de 2011

Peça de teatro Segundo São Mateus



     Foi um imenso prazer contar com a oportunidade de assistir a uma peça com uma nova roupagem, misturada com Nietzsche e Fernando Pessoa e todas as suas máscaras.Uma peça linda baseada no poema Guardador de  Rebanho de Fernando Pessoa. Poema este, muito bem ilustrado cenicamente com seus personagens e figuração, utilizando-se dos muitos recursos cênicos para presentear a plateia e juntamente brindar com café, suco, vinho e pão, simbolicamente elaborados ali mesmo no palco, para enlevo dos presentes. Onde todos os valores foram evidenciados, inclusive os religiosos de forma ecumênica e inteligente. 
     Só tenho a agradecer, pois voltaram-me os anos em que estudava o Catecismo com a Irmã Fridilindes, mas com uma nova vestimenta, totalmente contemporânea.
     Foi show!!!!!!!!!!!!!